terça-feira, 26 de janeiro de 2010

ARCANO XII - O Dependurado


"A coisa mais bela que podemos experimentar é o misterioso. É a fonte de toda a arte e de toda a ciência. Aquele para quem esta emoção é estranha, aquele que já não consegue parar para reflectir ou deixar-se deslumbrar, vive como se estivesse morto: os seus olhos estão fechados."



Albert Einstein (Físico alemão, 1879 - 1975)


"Eis o mais extraordinário Paradoxo: quando desistirmos de tudo, teremos tudo. Enquanto quisermos poder, não o teremos. Mas no momento em que não mais o quisermos, teremos mais poder do que alguma vez imaginámos possível."



Baba Ram Dass (Líder espiritual norte-americano, 1931 - )



Símbolos Básicos



Um homem dependurado numa árvore (às vezes numa barra ou cruz Tau). A perna livre está dobrada, formando um 4, e a sua expressão é de tranquilidade, nunca de sofrimento. As suas mãos podem estar presas ou soltas. Em alguns baralhos, caem-lhe moedas dos bolsos ou das mãos.



A Viagem do Louco



O Louco acomoda-se debaixo de uma árvore, com o intuito de reencontrar o seu lado espiritual. Aí permanece durante 9 dias, sem comer, quase sem se mexer. Passam por ele pessoas, animais, nuvens, o vento e a chuva, as estrelas, o sol e a lua. Ao nono dia, sem que saiba conscientemente porque, o Louco trepa a árvore e pendura-se de cabeça para baixo num dos seus ramos, abdicando por um momento de tudo aquilo que é, do que quer, do que sabe e do que ama. Do seu bolso caem moedas, e ele observa-as lá do alto – não as vê como dinheiro, apenas como pequenos pedaços circulares de metal. A sua perspectiva do mundo alterou-se subitamente. O Louco sente-se como se estivesse dependurado entre o mundo material e o mundo espiritual, capaz de vislumbrar ambos. É um momento de êxtase, como um sonho absolutamente claro, nítido. As ligações que nunca tinha percebido, compreende-as agora, e todos os mistérios são-lhe revelados.

Apesar deste momento de clarividência parecer eterno, o Louco percebe que não pode durar muito. Em breve, ele terá de voltar à posição inicial, e nessa altura tudo lhe parecerá diferente. Terá de agir com base naquilo que aprendeu. Mas por enquanto ele continua dependurado, observando e absorvendo.




Notas interpretativas



A carta do Dependurado, regida pelo planeta Neptuno, é considerada por muitos como a mais misteriosa e fascinante do Tarot. Simples mas complexa, atrai e perturba, contradizendo-se de inúmeras formas. O Dependurado simboliza a acção do paradoxo sobre as nossas vidas: é que o que parece contraditório é normalmente verdadeiro, e certas verdades estão escondidas nos seus opostos.



Esta carta reflecte a história de Odin, que se ofereceu em sacrifício para obter conhecimento. Dependurado na árvore do mundo, ferido por uma lança, sem comer nem beber, Odin passou nove dias. No último, viu no chão as runas que tinham caído da árvore, compreendeu o seu significado, e desceu para as apanhar. Diz-se que todo o conhecimento pode ser encontrado nessas runas.



A principal lição do Dependurado é a de que é possível “controlar” abdicando do controlo: vencemos quando nos rendemos. A figura na carta mostra a derradeira rendição – morrer na cruz por si próprio construída, com um halo que brilha pela glória do entendimento divino. O Louco sacrificou-se, mas saiu vencedor.
É tempo de parar para meditar, para sacrificar o ego em prol de um conhecimento maior. Numa leitura, o Dependurado sugere que a melhor forma de resolver um problema nem sempre é a mais óbvia. O Querente deve parar de resistir: em vez disso, deve tornar-se vulnerável, desistir da sua posição e, com isso, ganhar esclarecimento. As questões que pareciam difíceis de responder ganham agora sentido. Pode ver o mundo de uma forma diferente, com uma clarividência quase mística. O Dependurado implica também um momento em que tudo parece paralisado, altura para descansar e reflectir antes de avançar. Se queremos vencer, devemos abdicar. Se queremos agir, devemos esperar. E será irónico comprovar como, actuando de forma aparentemente contraditória, acabamos por encontrar aquilo que sempre procurámos. Quando nos tornamos no Dependurado nunca mais voltamos a ver o mundo da mesma forma.

Como fazer um bebé!


How to Make a Baby from Cassidy Curtis on Vimeo.

Terça-feira cinzenta e fria!

O Sol a Um Dia Cinzento



É terça-feira, dia cinzento e frio aqui no Algarve...
As minhas resistências estão em baixo, uma leve dor de garganta, um abalo no corpo...
No entanto, o corpo, a alma, parecem estar de acordo com o tempo que o cerca e isso é já, de certa forma, consolador.
Na alma, por detrás desse dia cinzento, espreita um sol acolhedor, tranquilo e sorridente.
Os anos, a experiência, parecem trazer uma calma antiga e simultaneamente inexistente no passado.
Talvez uma calma ancestral que sabe intuitivamente que se aguardamos tranquila e pacientemente, o sol escondido aparecerá a qualquer momento...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Lhasa deixou-nos... Lindo texto de André Gomes



A sua voz era belíssima, como a de poucos. Vítima de cancro, Lhasa de Sela deixou-nos no virar para 2010 e o mundo da música ficou um bocadinho mais vazio. Com três discos editados, estabeleceu-se como uma das maiores vozes da música que não cabe em lado nenhum, que cabe no mundo todo. Vasco Sacramento, agente da cantora nascida nos Estados Unidos mas com fortes raízes no México, deixou o seu testemunho emocionado e sentido: «ao longo dos últimos sete anos, a Sons em Trânsito tem produzido centenas de concertos com artistas estrangeiros em Portugal. Desses talentos todos, que tivemos a oportunidade de mostrar ao público português, Lhasa de Sela foi claramente a que mais me marcou. Não só pela sua voz única ou pela qualidade óbvia das suas canções e dos seus músicos, mas antes pela sua atitude desprendida e diferente do que é habitual assistir em muitos artistas».

Para Vasco Sacramento, Lhasa de Sela era uma artista distinta de todos os outros: "Lhasa de Sela não estava interessada no estrelato, na fama ou no dinheiro. Não que quem aspire a isso seja menos válido. Longe disso! São ambições legítimas. Porém, a Lhasa era diferente. Parecia que cantava apenas por imperativo de consciência, sem grandes preocupações com estratégia de mercado. Daí apenas ter deixado 3 álbuns. Após cada disco e respectiva digressão, a Lhasa tinha necessidade de desaparecer por uns tempos para fazer coisas diferentes, por exemplo, a longa temporada que passou em Marselha onde as suas irmãs têm um circo", conta.

Lhasa de Sela tinha uma relação muito especial com Portugal, onde gozava de um culto considerável: "não posso deixar de lembrar a inesquecível ligação que a Lhasa tinha a Portugal. Amava o fado, principalmente, claro, Amália, que cantou nos seus concertos em Portugal. Lembro-me das ovações em pé que a sua interpretação de “Meu amor, Meu amor” lhe rendeu. Foi emocionante. Lhasa adorava Lisboa! Bairro Alto, Alfama, mas também Sintra, Coimbra, etc. Falava-me sempre do bacalhau que gostava de comer em Xabregas, quando cá estava. E o público português sempre lhe dedicou enorme afecto, esgotando todas as salas onde a Lhasa actuou no nosso país. Foi com ela que esgotei, pela primeira vez, a Aula Magna, numa noite memorável", recorda.

Vasco Sacramento lembra Lhasa de Sela como uma pessoa autêntica: "fora dos palcos, Lhasa de Sela era simples e densa. Simples no trato, na forma como lidava carinhosamente com todos. Densa pela profundidade e maturidade que revelava, provavelmente fruto do nomadismo que marcou toda a sua vida. Parece-me que o principal atributo da Lhasa, para lá do seu evidente talento, era a autenticidade. Era isso que tocava quem a ouvia ou conhecia. Tudo soava a verdade", confessa.

Depois da edição do seu terceiro e derradeiro álbum, Lhasa, a cantora norte-americana foi forçada a cancelar uma digressão de promoção ao novo disco e, agora, obrigada a desistir de alguns projectos que pairavam na sua mente: "Lhasa de Sela vendeu mais de um milhão de discos", conta Vasco Sacramento. "Praticamente só com dois registos, dado não ter podido promover convenientemente o último trabalho. Poderia ter vendido muitos mais se esse fosse o seu objectivo, mas, como ela dizia, isso obrigá-la-ia a ser uma “operária da música”. Tenho muita pena que ela não tenha tido tempo de mostrar em palco o seu “Lhasa”, onde ela finalmente cantou exclusivamente em inglês, ou que não tenha podido pôr de pé o seu projecto de recriar os temas de Violeta Parra e de Victor Jara", relata.

Vasco Sacramento termina dizendo que Lhasa "partiu como sempre viveu. Sem grandes alaridos. Partiu livre. Como sempre viveu". Para que seja possível confirmar a liberdade com que Lhasa de Sala levou a sua vida fica aqui "I'm Going In", uma das mais belas canções do seu último álbum.

André Gomes

TAMANHA CONSCIÊNCIA! ...I'm going in...






When my lifetime had just ended



And my death had just begun
I told you I’d never leave you
But I knew this day would come


Give me blood for my blood wedding
I am ready to be born
I feel new
As if this body were the first I’d ever worn


I need straw for the straw fire
I need hard earth for the plow
Don't ask me to reconsider
I am ready to go now


I'm going in I’m going in
This is how it starts
I can see in so far
But afterwards we always forget
Who we are


I'm going in I’m going in
I can stand the pain
And the blinding heat
'Cause I won't remember you
The next time we meet


You'll be making the arrangements
You'll be trying to set me free
Not a moment for the meeting
I'll be busy as a bee


You'll be talking to me
But I just won't understand
I'll be falling by the wayside
You'll be holding out your hand


Don't you tempt me with perfection
I have other things to do
I didn't burrow this far in
Just to come right back to you


I'm going in I’m going in
I have never been so ugly
I have never been so slow
These prison walls get closer now
The further in I go


I'm going in I’m going in
I like to see you from a distance
And just barely believe
And think that
Even lost and blind
I still invented love


I'm going in
I’m going in
I’m going in 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Ano Maria Alberta Menéres - Literatura Infantil




A  ASA  celebra  em  2010  o  Ano  Maria  Alberta  Menéres,  em homenagem a esta grande escritora portuguesa, sua autora, que comemora este ano o seu 80º aniversário.

Embora tenha também alguma obra poética dirigida ao público adulto, Maria Alberta Menéres é sobretudo (re)conhecida como autora de livros infantis e juvenis, tendo sido distinguida em 1986 com o Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças “pelo conjunto da sua obra literária e pela manutenção de um alto nível de qualidade”.

A “Biblioteca Maria Alberta Menéres”, que a ASA vem publicando há mais de 20 anos, reúne justamente uma parte substancial da ficção da Autora dirigida às crianças, com merecido destaque para o “bestseller” Ulisses, que conta já com 35 edições e mais de 600 mil exemplares vendidos.

No âmbito das celebrações do Ano Maria Alberta Menéres, a ASA vai levar a cabo um vasto conjunto de iniciativas, entre as quais o lançamento, em Abril, de uma obra inédita da Autora sobre Luís de Camões.

Camões, o Super-Herói da Língua Portuguesa, assim se intitula esta “biografia romanceada à minha moda de um dos maiores poetas portugueses” – diz-nos a Autora, para logo a seguir acrescentar: “Com o seu feitio destemido e irreverente, Camões levou uma vida aventureira que nada tem a ver com a ideia de ‘poeta maçudo e desinteressante’ que hoje se lhe atribui. Era preciso mostrar que Camões, para os padrões da sua época, bem poderia ter sido um super-herói como aqueles que actualmente povoam o dia-a-dia das nossas crianças, e foi esse exercício que me decidi a fazer.”

Para além do lançamento deste inédito, a ASA vai ainda promover uma homenagem pública a Maria Alberta Menéres, como forma de assinalar a longevidade e multiplicidade da sua carreira. Apenas a título de exemplo, destacam-se as suas funções de Directora do Departamento de Programas Infantis e Juvenis da RTP (1974 a 1986), de Assessora do Senhor Provedor de Justiça como responsável pela linha «Recados das Crianças» (1993 a 1998) e de autora das letras, em seis anos consecutivos, das canções da campanha «O Pirilampo Mágico», em cooperação com a Antena 1.

Outro dos eventos previstos no âmbito da celebração do Ano Maria Alberta Menéres é a realização de um Congresso Nacional sobre a sua carreira de escritora. Com esta iniciativa, a ASA pretende promover e aprofundar a análise sobre a obra literária da Autora, que inclui poesia para adultos, obras de cariz pedagógico e ficção infanto-juvenil, esta última em forma de conto, poesia, BD, teatro e novela.





sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Poema de Outono




Há restos do teu suor na minha alma
Restos de mentira na minha cabeça
Imagens e desgostos em meus olhos
Paisagens e reachos derramados


Há silêncio e tempo que demoram
Marcas do mistério repetido
Encontros onde as margens não se tocam
E fugas onde dois cumes se juntam

Ah, quem dera recuar
Quem dera a tua boca fosse mar
Pudesse eu nela mergulhar
E seus mistérios desvendar


Há restos do que eras em meus olhos
Hoje uma imagem destorcida
Quem ama vê disforme o que o move
E fica imóvel na imagem percebida

Há silêncio e tempo que demoram
Dor de entrega desmedida
A quem não cuida, quem é ferida
Quem só destrói amor em sua vida

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

JOAN MARGARIT


Acabo de conhecer o poeta catalão, Joan Margarit, numa entrevista dada para o canal português, RTP2.
Joan Margarit nasceu em Sanauja, num momento de guerra civil a 11 de Março de 1938.

Deixo aqui um poema do livro, Los motivos del lobo.

O poder da universalidade de um poema...


RIZO DE MAR

Bajo las aguas poco profundas de la costa




anclo mi coraza. No segrego ni nácar
ni perlas, la belleza no me importa,


enlutado guerrero que, con sus negras lanzas,
se oculta en una grieta de la roca.
Viajar es arriesgado pero a veces me muevo
- las espinas haciendo de muletas -
y, por torpe, las olas me revuelcan.
En el mar peligroso busco la roca
de donde no haya de moverme nunca.
En la armadura soy mi propio prisionero:
una prueba de cómo, si no hay riesgo,
la vida es un fracaso.
Afuera está la luz y canta el mar.
Dentro de mí la sombra: la seguridad.


Joan Margarit



Visitem o Site: 
http://www.joanmargarit.com/


domingo, 10 de janeiro de 2010

Estão abertos os concursos de apoio às artes pela dgartes!


A Direcção Geral das Artes DGartes, anunciou a abertura dos concursos pontuais e anuais de apoio às artes. Não deixem de concorrer!